Foto: Dayvissom Melo

A Cidade Alta é um dos mais tradicionais bairros de Natal, e já chegou a ser dos mais movimentados graças à forte atividade comercial que sempre foi desenvolvida por suas ruas, avenidas e vielas. Mas o que já foi um lugar atrativo, agora vê um esvaziamento contínuo com a saída de comerciantes e moradores.

Esse estado de abandono do Centro da cidade traz consigo o aumento da precariedade dos serviços públicos oferecidos no local. O assunto mais comum entre as reclamações é segurança. Mas a lista de cobranças também tem saúde, e problemas relacionados a grande quantidade de pessoas morando nas ruas da Cidade Alta.

Francisco Rocha, administrador aposentado, pode dizer que viveu várias gerações do bairro, lembrando de momentos em que era seguro e tranquilo morar na região, mas lamenta as condições atuais. Há três meses ele resolveu deixar a Cidade Alta em busca de um lugar que possa atender melhor às suas necessidades, e escolheu a Redinha, na Zona Norte, para continuar a vida depois de duas passagens que somaram mais de uma década de moradia no antigo bairro.

Ele foi morar na Cidade no início da década de 1970, onde permaneceu até o início da década seguinte, quando precisou ir morar em Brasília. Há cinco anos, já aposentado, resolveu voltar ao velho lugar onde foi feliz, e já não viu mais as mesmas condições atraentes na moradia.

Durante seu tempo na Cidade Alta, Francisco Rocha morou na Rua Felipe Camarão, onde ele indica problemas pontuais como a má qualidade do asfalto usado na pavimentação, bem como lembra da ausência de um serviço importante no bairro: saúde pública.

“Lá na Cidade não tem uma UPA (Unidade de Pronto-Atendimento). Quando a gente está doente tem que procurar o Hospital dos Pescadores, ou ir para a UPA de Cidade Satélite, e isso é difícil”, lamenta Francisco Rocha.
Ele aponta também a segurança como um problema que precisa de atenção do poder público no local. “Ali tem assalto direto, especialmente na Rua Felipe Camarão. Não tem um policial por lá. E o cheiro de maconha naquela rua é horrível. E o motivo disso é porque não tem segurança”, diz seu Francisco que completa: “Está horrível e é por isso que muita gente tem medo do Centro da cidade”.

]Ana Neves, comunicadora, também viu de perto as dificuldades de morar no bairro. Ela morou pouco mais de um ano na Cidade Alta, e há aproximadamente dois meses deixou a localidade. Dois pontos se destacam na insatisfação de Ana com o bairro: “a sensação de insegurança e o excesso de moradores de rua”.

“No bairro havia uma delegacia de Polícia Civil, mas ela foi fechada. Ela já havia sido arrombada algumas vezes, não só uma e nem duas, e agora que está fechada, o prédio está se tornando casa desses moradores de rua. Ainda não invadiram totalmente, mas aos poucos estão conseguindo fazer um abrigo para eles” explica Ana, citando um fato que gera preocupação, porque assim como o prédio de uma delegacia está sendo violado, outros também podem estar vulneráveis, aumentando o medo da população local.

“O problema desse excesso dessa moradores de rua é que eles invadem esses locais vazios, inclusive a delegacia era ao lado da casa onde eu morava, e eles vão trazendo lixo, restos de comida, que vão atraindo insetos”, conta Ana Neves.

Ainda falando sobre a delegacia, que foi desativada e agora funciona noutra parte do bairro, a agora ex-moradora conta que mesmo sendo vizinha do prédio policial, a sensação de insegurança não diminuía.

O que falam os pré-candidatos à Prefeitura do Natal?

Estamos há praticamente um ano das próximas eleições municipais, e neste momento há pelo menos sete pré-candidatos a prefeito de Natal. O NOVO convidou cada um deles a apresentar propostas para melhorar a situação da Cidade Alta caso seja eleito. Dos sete, quatro não responderam. Bruno Giovanni, Paulinho Freire e Sargento Gonçalves não deram retorno à demanda. Já Carlos Eduardo Alves respondeu dizendo que “nesse primeiro momento tem feito reuniões e encontros internos na comissão municipal do PSD, que está planejando dois seminários no partido, justamente para discutir Natal. E que a partir de fevereiro ou março abrirá diálogo com a imprensa”.

Eudiane Macêdo
É preciso que os gestores tenham um olhar diferente para essa região da nossa capital. É preciso que urgentemente seja pensada e colocada em prática uma política de incentivo fiscais e de segurança para que comerciantes voltem a investir e novos moradores queiram viver no centro da nossa capital. Vejo ainda como alternativa, criar uma frente de trabalho focada no desenvolvimento da área, envolvendo as secretarias de serviços urbanos, tributação, assistência social, segurança pública, guarda municipal, secretaria de mobilidade e obras. Portanto, acredito que é preciso mobilizar os poderes executivo municipal e estadual, e os empresários para realizarmos um trabalho em conjunto com o objetivo de trazer de volta os empregos, as pessoas e o desenvolvimento do centro da nossa cidade.

General Girão
Nossa ideia é revitalizar a área, recuperando os prédios antigos, melhorando a mobilidade urbana e embelezando essa nostálgica região. Para isso, precisamos de apoio de Emendas Federais. Certamente que com isso, todo o complexo turístico ganhará um atrativo especial. Quanto à segurança, temos que instalar um Sistema coordenado de câmeras sob a coordenação da Guarda Municipal e integrar as mesmas ao CIOSP. Tenho a plena consciência de que segurança pública também é responsabilidade do prefeito.

Natália Bonavides
Se estamos tratando de comércio popular, é fundamental a boa oferta de transporte coletivo. Antes da pandemia, 46 linhas passavam pelo centro. Atualmente, apenas 11 linhas circulam pelo centro. O Centro deve ser pensado como um local de efervescência cultural, com a criação de espaços de uso coletivo, de prestação de serviços e de fomento da cultura. Para isto, serviços como iluminação pública precisam ser muito melhor prestados. Sem falar no enorme potencial dessa região para habitação popular, a partir do bom uso de instrumentos urbanísticos previstos no Estatuto da Cidade, o que contribui para reverter a situação de esvaziamento e reaquecimento do comércio.

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