Baraúna foi o epicentro do trabalho visando a recaptura  dos fugitivos de Mossoró. Foto: José Aldenir/Estadão Conteúdo
Baraúna foi o epicentro do trabalho visando a recaptura dos fugitivos de Mossoró. Foto: José Aldenir/Estadão Conteúdo

Por volta das 14h desta quinta-feira, 4, José Saldanha, de 49 anos, produtor rural na cidade de Baraúna, no Rio Grande de Norte, foi surpreendido com a ligação de um amigo do Pará informando que os dois fugitivos da Penitenciária Federal de Mossoró (RN) haviam sido recapturados.

“Eu estava dormindo, depois do almoço, quando meu amigo Raimundo ligou perguntando se eu já sabia que os fugitivos tinham sido encontrados pela polícia pelas bandas de lá (Marabá, no Pará)”.

A população da pequena cidade de Baraúna, distante a 35 quilômetros de Mossoró, comemorou a recaptura da dupla Rogério Silva Mendonça e Deibson Cabral Nascimento. Desde o dia 14 de fevereiro, quando os criminosos fugiram do presídio, a cidade convivia em clima de apreensão e temor devido ao forte aparato policial que se instalou nas mediações e a demora na recaptura.

“Nunca tivemos medo desse presídio aqui perto da casa da gente porque sempre disseram que ele é de segurança máxima. De repente uma notícia dessa, apavora demais a população”, comenta Saldanha, relembrando que o temor progrediu na medida em que os dias de buscas se prolongaram.

“Era muito carro de viatura passando para lá e para cá. Depois começaram a dizer que tinham encontrado pisada, roupa, gente daqui ajudando e nada desses homens serem resgatados.”

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Esse mesmo sentimento é compartilhado pela costureira Maria Graça da Silva, de 52, que mora com a família em uma comunidade próxima à unidade prisional.

“Meu marido trabalha na fazenda de plantação. Eu ficava com o coração na mão toda manhã quando ele saía porque ainda é escuro e a estrada até a fazenda só tem mato Dá um alívio grande. Tomara que consigam melhorar essa prisão”, reivindica Graça.

Ao longo desses 50 dias de busca, a rotina de muitos baraunenses foi alterada pelo medo de invasão ou de se tornarem refém. Saldanha acrescenta que as prisões de moradores suspeitos em colaborar com os fugitivos reforçaram o temor.

Em coletiva à imprensa na tarde desta quinta, o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, comentou o assunto. “Em um primeiro momento, soubemos que alguns moradores, infelizmente, foram cooptados pelos criminosos, ou pelo crime organizados, facilitando a fuga.”

Em contrapartida, a colaboração da população com o repasse de informações também auxiliou a força-tarefa, segundo a avaliação do major Ivanildo Henrique Mendonça, comandante do 2° Batalhão da PM/RN, em Mossoró.

“Uma das frentes de atuação eram as denúncias que recebíamos com indicação de vestígios, objetos e rastro. Esse foi um período de baixa ocorrências de trote e, outro ponto positivo, foi o policiamento mais efetivo para as comunidades rurais.”

A Penitenciária Federal de Mossoró está localizada em um trecho da RN-015, que liga a cidade de Mossoró a Baraúna, seguindo até a divisa do Ceará. As buscas se concentraram inicialmente em um raio de 193 quilômetros quadrados.

Essa extensão concentra diversas comunidades rurais, o Parque Nacional da Furna Feia, com mais de 200 cavernas, e fazendas produtoras da fruticultura irrigada.

Antes da captura nesta quinta, a força-tarefa montada na região já estava sendo desmobilizada e as estratégias seguiam outros rumos. “Mudamos de estratégias quando soubemos que eles não estavam mais nas proximidades de Mossoró”, disse Lewandowski.

Desde o feriado da Semana Santa, as barreiras policiais montadas nas estradas de acesso a Mossoró, Baraúna e à divisa com o Ceará foram reduzidas e os mais de cem homens da Força Nacional também já tinham partido.

A expectativa da população é que a rotina volte ao normal depois da captura e a saída da Força Integrada de Combate ao Crime Organizado montada com agentes da Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Polícia Penitenciária, Força Nacional, polícias Civil e Militar do RN, CE, Piauí, Pernambuco e Paraíba.

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