Escribas relança de uma vez só dois livros de Alex Nascimento. Foto: Reprodução
Escribas relança de uma vez só dois livros de Alex Nascimento. Foto: Reprodução

A Escribas Editora vai relançar de uma vez só dois livros do escritor Alex Nascimento. “A última estação”e “Recomendações a todos” inclusive já se encontram em pré-venda. O lançamento – com direito a noite de autógrafos – será em junho (local e data ainda a serem decididos), celebrando o aniversário do autor.

A ideia de lançar os livros nasceu em janeiro de 2023, quando a Escribas Editora ofereceu ao autor Alex Nascimento a oportunidade de republicar sua obra completa, começando pelo romance “Recomendações a todos” que está esgotado há vários anos. Na conversa, decidiu-se que o segundo livro a ganhar uma nova edição seria “A última Estação”, no qual Alex passeia por vários gêneros, cada um fazendo referência a uma estação do ano.

A Escribas resolveu relançar ambos de uma só vez, promovendo uma pré-venda e uma noite de autógrafos em junho (local e data ainda a serem decididos), celebrando o aniversário do autor. Sobre republicar sua obra e voltar a promover uma noite de autógrafos, Alex respondeu
com entusiasmo: “Eu só topei porque foi Fialho que pediu. Mas ainda alimento a esperança de que a carreta que transporta os livros tombe e o lançamento seja cancelado.”

Alex não sai de seu lar há um tempo. Nos últimos anos ele enfrentou tempos difíceis: além do período da pandemia, o autor sofreu um atropelamento que resultou em múltiplas fraturas e o deixou acamado por um longo período.

Como se tratam de reedições, serão produzidas tiragens reduzidas num primeiro momento (100 de cada título) para que possam ser reimpressas de acordo com a demanda. Os dois títulos já podem ser adquiridos na loja virtual da editora, mas ainda estão em produção. Estarão prontos e serão entregues na noite de autógrafos. Aqueles que adquirirem os livros e não forem ao lançamento, receberão seus exemplares em seus endereços.

Sobre os livros

Á última estação” é o livro em que Alex Nascimento desfila toda a sua versatilidade. No primeiro capítulo, intitulado de “Primavera”, apresenta contos divertidos como só sua ótima prosa sabe ser. No segundo capítulo, “Verão”, os sonetos de um pândego que domina, a um só tempo,  linguagem e libidinagem. Na terceira parte, “Outono”, frases (muitas frases) bem ao seu estilo de afiada verve. Na derradeira estação, “Inverno”, uma miscelânea de textos que vão dos poemas curtos a escritos livres de quaisquer amarras. “A última estação” é um dos
livros mais buscados de Alex Nascimento, pois há muito se encontra esgotado e reúne um compilado de textos bastante representativo de sua obra que demonstram exemplarmente a constante explosão criativa de sua imaginação.

Já “Recomendações a todos” é o romance icônico do autor em que ele satiriza a sociedade com sarcasmo e tons nada sutis de ironia. O protagonista, metido em uma camisa de força, fala do hospício em que vive, relembra o berçário de onde veio ou do quartel onde passou uma temporada, sempre convivendo com analistas que o acompanham a vida inteira. Em “Recomendações a todos”, Alex nos faz olhar para a loucura do mundo em que vivemos, suas contradições e manias sem sentido, nos fazendo rir do ridículo e até gargalhar de nervosos.

Alex Nascimento (de pé) no lançamento de Ney Leandro de Castro. Foto: Carlos Fialho/Escribas Editora
Alex Nascimento (de pé) no lançamento de Ney Leandro de Castro. Foto: Carlos Fialho/Escribas Editora

Sobre o autor (descrição feita por Ana Guerra)

“Alex Roberto Rodrigues do Nascimento. Engenheiro. Escritor. Poeta. 1,68m, calça jeans e camiseta branca. Filhos: quatro, cada um de mãe diferente. Acha que existem mais, não tem certeza. Comida: nenhuma. Sente uma pitada de prazer com paçoca e feijão verde. Toma bastante leite, mas adora mesmo vitamina C, aspirina e Valium – diariamente. Não pode ouvir falar em buchada, panelada e afins: tem náuseas. Amigos: Klaus; uma montanha o pegou. Sabe que é chato e ranzinza, mas insiste em se dizer charmoso. Seduz tudo: velho, jovem, criança. Fuma muito. Tem saudade do pai e do futebol. Escreve frases e diz que é por castigo. Não lê . Abre exceção para Millôr, Paulo Francis e Ivan Lessa. A grande arte é a Música. Responde carta, manda cartões. Jamais atrasa. Usa óculos – dois e observa o mundo inteiro. É  solitário. Gosta de deitar na rede; se embalar e pensar. Leva, mais ou menos, duas horas para tomar banho. É cheirosíssimo. Mata os outros de rir e é profundamente triste. Tem pesadelos. É obcecado pela morte. Diz que reza. Não fala sobre Deus. Repartiu livro com Jaguar; foi  querido por Henfil. No Pasquím, mandou ver. Chama palavrão, é irreverente, choca.

Todos o dizem louco. Na verdade, um “professor de melancolia”. É amargo. Repete sempre “Cansei da humanidade”. Vê bons filmes. Ama Florença. É requintado: whisky, 12 anos; TV, a maior, som, o melhor. Tem ojeriza a carro, trânsito e telefone. Liga muito para os outros, mas não deixa que o incomodem. Dorme durante o dia e passa a noite acordado. Crê que o sol destrói qualquer brilhante ideia. Gostaria de ter sido dançarino. É maníaco. Possui todos os tipos de dicionário. É frágil. Detesta doença e turista. Respeita gripe. Toma porres mensais, rasga todos os convites que recebe. Vai a enterros e funerais, acha o abraço importante nessa hora. Fala muito; explica tudo. É cartesiano. Diz que existem dois tipos de gente: “os que concordam comigo e os que estão errados”. Admira uma bela cabeleira. É careca. Usa pente para o bigode. Louco por sal. Odeia oceanos. É doce, muito doce. Ama Oscar Peterson, piano e Verdi. Joga em quatro idiomas. Tem Camões como mestre, e Pessoa é seu guru. Não trabalha fora. Não tem empregada e não veraneia. Nunca disse como gostaria de morrer, mas admite o suicídio. É esquisito. É adorável.”

Ana Guerra